quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sou a miss imperfeita, muito prazer!

Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio, almoço com meu filho, falo com minha mãe quase todas as noites, procuro as amigas, viajo, pago minhas contas, caminho meia hora diariamente, faço reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas por mais disciplinada que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer não. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer não. Culpa por nada, aliás.
Culpa zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta entrou na maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que você seria modelo!
Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito e mamasse direitinho.
Você é humildemente, uma mulher.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos...


É ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela.
Para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser profissional sem deixar de existir. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu anti socialismo interno.
Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa, impulsiva e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos.
Tenho um cérebro masculino, como lhe disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa. Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa com as pernas frouxas diante de qualquer um que me convide para um chope. Faz-me dizer tudo ao contrário do que penso: nessas horas não sei onde vão parar minhas idéias viris. Afino a voz, uso cinta-liga, faço strip-tease. Basta me segurar pela nuca e eu derreto, viro pão com manteiga, sirva-se.
Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua. “são muitas mulheres numa só, e alguns homens também.”
Pedaços de mim
Eu sou feita de sonhos interrompidos,detalhes despercebidos,
amores mal resolvidos.Sou feita de choros sem ter razão,pessoas no coração,
atos por impulsão.
Sinto falta de lugares que não conheci, experiências que não vivi,
momentos que já esqueci.
Eu sou amor e carinho constante,
distraída até o bastante,
não paro por instante.
Já tive noites mal dormidas, perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas.
Muitas vezes eu desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar.
Eu sinto pelas coisas que não mudei
amizades que não cultivei, aqueles que eu julguei
coisas que eu falei.
Tenho saudade de pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo, amigos que acabei perdendo
mas continuo vivendo e aprendendo.






Não queiria sair por ai batendo records...

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